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Primeiros dias

São 00h39, Affonso ronca na cama ao lado. Estamos no hotel Pilar, em Pilar do Sul, sudoeste de São Paulo e esse é o fim do segundo dia de viagem.

Erramos tudo no primeiro dia. Quisemos fazer um caminho por Taboão da Serra e Embu, que foi massa de conhecer e almoçar, mas fomos parar na periferia de Cotia, que deve ser a perifa de relevo mais acidentado do Estado. Surreais as ladeiras de terra que pegamos. Isso nos atrasou bastante e fomos parar em Ibiuna às 22h! Só precisou de um dia pra entendermos que não vamos mais pedalar de noite.

No mais, fomos recebidos por uma família porreta em São Roque: Thaís, e seus filhos Ulisses e Júlia. Eles nos ofereceram toda sorte de comida orgânica e comemos feito bodes que são soltos depois de dormir amarrados. Impressionante como o sabor das coisas é totalmente diferente, não só pela comida orgânica, mas pela necessidade primordial de alimentar-se bem. O cansaço era muito maior do que o previsto, mas tínhamos dois sofás pra descansar e estávamos enfim com o pé na estrada.

No segundo dia, rumamos pra São Miguel Arcanjo, mas quem disse que chegaríamos? No caminho vimos cobras mortas, macacos na beira da pista, muitos rios e as subidas pareciam não acabar nunca. Diversas pessoas perguntando onde íamos, buzinando, dando força. Um ciloviajante é meio que um ET mesmo. Acabamos posando em Pilar do Sul, onde estávamos prontos pra acampar, mas por uma sorte dessas que não acontecem duas vezes, uma pessoa pagou o hotel pra nós. Explico essa história na próxima postagem.

Preciso muito agradecer um monte de gente: ao Mau pela câmera emprestada, ao Vitor e à Sheila e família pelo incrível curso intensivo de primeiros-socorros e findi em Indaiatuba, ao Arthur pelos três encontros que nos ajudaram demais, à Julie, pq ela é linda, ao pessoal da Bicicletaria Nobre que deixou minha bike nos trinks, ao Ourinhos pela formatação do projeto comercial da viagem, ao Palmas e ao Silas pelo help informal na oficina Mão na Roda e a todo mundo que está se envolvendo de uma maneira ou de outra. Disse e repito: energia boa nunca é demais.

No mais, eu queria que essa postagem fosse um jorro. Queria que chovesse uma garoa morna e que todo mundo saísse pra dançar em São Paulo. Queria que todo mundo pudesse compartilhar as imagens, as dores e o suor do que vivemos em tão pouco tempo. Sim, talvez um mundo com mais bicicletas fosse realmente menos ruim.

Ps: um poema pra quem está pensando em viajar.

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